sábado, 18 de fevereiro de 2012

ASILO OU KIBUTZ ?

Uma escolha simples vai ser feita, mais dia, menos dia. Ou vamos no sentido de termos um país tipo asilo, onde todos terão o mínimo de subsistência garantido até ao dia do juízo final, ou optamos por formar um grande kibutz. Com as devidas adaptações, é certo, às necessidades de uma sociedade integrada num dos blocos mais ricos do planeta, mas dependendo para subsistir da boa vontade dos regimes mais autoritários e menos democráticos no concerto das nações.
Foi premonitório e avisado o alerta do presidente do parlamento europeu, que as boas almas do reino entenderam de través, pois não acreditam que estas mãos largas de hoje vão um dia querer ser pagas e com dividendos. Aí veremos como vamos ser espremidos, não em sentido metafórico mas na realidade concreta: o regresso à meia sardinha por cabeça não é figura lírica. Carências e racionamentos já habitam a mente de muitos políticos da nova escola, e de umas mais tontas ainda que pensam assim reviver o autoritarismo.
Ainda existe memória em alguns de nós do que significa uma comunidade de asilados, isto é, de assistidos e indigentes, em geral os mais idosos e demunidos que se arrastam pela vida uns com demência já acentuada outros a caminho desse estado.
Ter presente o que é um kibutz implica alguma leitura da sua génese, da sua história na formação do Estado de Israel, como evoluiu e o que representa como modelo de grande escala do experimentalismo social contemporâneo.
Por terem tido origem num população religiosa, constituíram-se e mantêm um secularismo rígido, se não mesmo com uma vertente muito acentuada de ateísmo. Estas comunidades onde imperavam as utopias do igualitarismo sempre repudiaram ferozmente o comunismo, o que não deixa de ser uma aparente contradição. Os kibutz têm a sua primeira experiência muito antes da existência de Israel, ocuparam terras compradas por dádivas vindas do exterior, aprenderam e desenvolveram técnicas de produção que chegaram aos nossos dias como verdadeiras multinacionais dos seus sectores de actividade. O brilho da partilha socialista desenvolvido nos tempos primitivos criou no seu seio os maiores vultos da história militar e política do Estado de Israel. Apesar de ser muito significativa em termos económicos, políticos e sociais a sua população é residual e não proporcional à sua incomparável influência. Em 2000 estabilizaram em 115.000 habitantes em 267 comunidades. São grandes empregadores de mão-de-obra de qualquer origem.
A partilha na necessidade primitiva é uma raridade que só existe como realidade turística, mas ainda são estas comunidades de espírito utópico que se converteram à sustentabilidade do seu desenvolvimento, dando os maiores contributos à preservação do meio ambiente, promovendo uma cultura de partilha de valores através de uma original forma de hospedagem, especialmente para jovens viajantes, e têm como lema “vejam mais passarinhos em liberdade aqui do que no vosso país”. Não há como pensar alto.

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