sábado, 3 de setembro de 2011

31 de Agosto de 2011

A efectiva carga fiscal que se avizinha resulta em confisco estatal atendendo que: se apropria a vários títulos de 50% dos rendimentos do trabalho, igualmente tende para os 25% de tudo o que resulta do lucro das empresas, não anda longe de atingir 25% de tudo o que o cidadão consome, juntando a tudo isto 25% de outros rendimentos ou de simples uso de poupança aplicada em mobiliário e imobiliário, quase tudo isto guarnecido de imposto selo que bem somado e observado são dentadas em tudo o que mexe.

O aparelho de poder atingiu níveis de uma insuportável ocupação da democracia por forças políticas que não cumprem aquilo que prometem e que se sucedem sem respeito pela palavra dada.

Impostos sem cidadania, impostos sem retorno ao nível da educação, da saúde, da segurança, do ambiente, etc., são reflexo de uma tirania fiscal sem sentido por parte das incompetentes ditaduras partidárias do nosso sistema político, só formalmente democrático, pois agem sem mandato popular nesta matéria.

O crescente nível de incompetência, sem adequada responsabilização dos episódicos gestores políticos está a contribuir para um definhamento da própria comunidade política, porque sem indivíduos responsavelmente sustentáveis pela propriedade do trabalho, apenas se agravará a lei pré-política da submissão dos mais fracos por autocráticos e burocratizados agentes.

As forças vivas não tardarão a ocupar o presente vazio da república pela ameaça ao mínimo existencial.

É necessário talento, clarividência e muito trabalho para mudar em profundidade a triste realidade política, social, cultura e económica.
É urgente estruturar os processos, reorientar os fins do Estado, proteger a comunidade do abuso fiscal e da miséria.

domingo, 26 de junho de 2011

Post-it socialista

A 3M é uma multinacional centenária de origem americana com o maior nível de apreciações positivas. A sua história gira sempre à volta de uma ideia simples. Uma folha de papel com alguma coisa em cima. Isto é, a lixa, a simples lixa que deu milhões aos seus accionistas e traçou o futuro de uma das mais lucrativas companhias da história do capitalismo moderno.

A mais recente bomba do mundo dos negócios da simplicidade desta companhia foi a aplicação de uma sua descoberta, uma inutilidade há muito nos arquivos, somente há uma dúzia de anos deu fortunas em ganhos accionistas, uma simples cola que não cola, e a sempre eterna folha de papel.

Não estava esquecida a tal aberração da cola que não cola, só que não tinha aplicação, mas o seu dia chegou o Post-it, o famoso e indispensável papelinho colorido que liberta a memória do que não se deve esquecer. Aí está a novidade, o produto que vale milhões, contas bem feitas, a resma de papel passa do seu simples valor a vinte vezes mais.

Um socialista “Post-it” já estava inventado, só que não tinha aplicação por ser também uma inutilidade funcional, é certo que sempre servia para carregar as malas ao Soares nas andanças pela Europa, ou a qualquer secretário-geral de serviço sem ordenança, aí estava o senhor cola a tudo, a memória útil do servilismo barato, um menino para o serviço dos pequenos fretes, maneirista e elegante q.b.

O senhor “To Zé” deve ser um cidadão muito digno, não é disso que aqui trato, o meu alerta vai no sentido de que as várias colas que não colam, em conjunto até podem dar uma grande salganhada onde se embrulhem todos os sem sentido do que resta do partido, em lugares que querem preservar para si ou para a família ou próximos.

Os emplastros são muitos, desde o ex-governador civil de Lisboa, essa indignidade escabrosa que só não ganha o “podium” ao triste Nobre por ser opaco, aos inenarráveis “9 em cada 10 presidentes de camara estão com Seguro”. Avisado anda o velho Soares que não está para fretes e sempre vai largando avisos à navegação, que o melhor é “mudarem de vida”, mas quem está para aí virado?

A celebérrima estrela de Sintra meteu férias, ficou a “barbie” de serviço ao parlamento nacional, a que tinha como primeira escolha a eleita Presidente da Assembleia, só visto, nem chá bebe, é do melhor, são uns cola a qualquer líder possível ou imaginário, longe vá o agoiro, mas se estes dois putativos lideres fossem à vida, estariam a cantar loas ao próximo com a leviandade que as une.

A grande vantagem do “post-it” é que não deixa marcas e pode ser utilizado até a memória lhe tomar o lugar ou ter o destino da sua inutilidade por não ter razão de ser.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O PS precisa de se unir e de uma refundação política e ideológica. É um imperativo de sobrevivência

Mário Soares

in VISÃO Quinta feira, 16 de Jun de 2011


As últimas eleições legislativas puseram fim a um ciclo político e abriram outro. A esquerda democrática deu lugar à direita conservadora e neoliberal, como se tem vindo a passar em toda a União Europeia. Mas não vale a pena agora falar do passado. A poeira do tempo fará esquecer muitas críticas, erros e acusações. Tudo isso pertence à história. E, naturalmente, o que neste momento, mais nos interessa - a todos - é o presente e o que aí vem no próximo futuro. Vamos ou não sair da crise que nos afeta?

A um governo minoritário de esquerda democrática vai substituir-se uma coligação maioritária de dois partidos de direita, com grandes diferenças entre si, como se viu durante a campanha eleitoral. Mas a grande crise monetária e económica, desencadeada pelos mercados especulativos que atacaram Portugal, depois da Grécia e da Irlanda, não parece poder resolver-se, facilmente, com os empréstimos - e os altos juros - com que a troika nos brindou. Eis um problema sério. Há compromissos a que nos obrigámos - não só os partidos que estão no poder, também o PS - e datas a cumprir. Não o podemos esquecer. Mas a principal responsabilidade incumbe agora ao governo, do qual se espera competência, rapidez na ação, bom senso e coragem.

A tarefa, todos o sabemos, não vai ser nada fácil. O dinheiro escasseia e as exigências da troika são demasiado monetaristas, embora de momento necessárias. Por isso, temos também de saber evitar a recessão, diminuindo drasticamente o desemprego, o despesismo, em todos os domínios, e dar de novo confiança às pessoas. Se assim não for, juntamos às crises com que nos debatemos - incluída a política - uma crise social que pode ser gravíssima. Vejamos com atenção o que se tem passado na Grécia, em vários países europeus e na própria Espanha, a braços, também, com uma mudança política à vista e um manifesto mal-estar.

Em Portugal, os partidos da esquerda radical, com o seu irrealismo, parece terem perdido o rumo e os horizontes políticos. O terem recusado falar com a troika foi um erro que lhes vai custar caro, porque lhes retirou a idoneidade política. Em relação ao PCP, julgo que Álvaro Cunhal não teria praticado um erro semelhante. Tinha outra elasticidade tática, como várias vezes demonstrou. Quanto ao Bloco de Esquerda, além da perda significativa de votos, provocou uma crise interna que não vai ser fácil esquecer.

O PS, no plano político, continua a ser a grande força da Oposição. Mas menos - diga-se - no plano social. O que deve ser corrigido. A saída voluntária de Sócrates foi um ato de bom senso e abriu a porta a dois candidatos a líder que têm a vantagem de ser pessoas inteligentes, experientes e honestas. Não se irão zangar, penso, qualquer que seja o resultado. Julgo até que serão capazes de colaborar, como é conveniente que façam.

O PS precisa de se unir e de uma refundação política e ideológica. Os tempos mudaram e vão continuar a mudar muito. É um imperativo de sobrevivência. A União Europeia vai ter de mudar radicalmente, sob pena de se desintegrar. É outro dos nossos grandes problemas. O PS deve ter uma conceção própria do que será a União Europeia de amanhã e tem de saber bater-se por ela. Tem de participar ativamente no plano político, ideológico e também social, no Partido Socialista Europeu e de ter em grande atenção o movimento social europeu (sindicatos, cooperativas e associações cívicas). Porque é por estes dois pilares que vai passar o futuro. O PS e os seus militantes devem preparar-se, neste intervalo salutar do poder, para participar ativamente no futuro europeu que aí vem, necessariamente. E, assim, poder contribuir, no momento próprio, para a construção do nosso futuro português.

terça-feira, 14 de junho de 2011

O sanguíneo, O Carnívoro e O Rosbife

Vai demorar muitos anos para que o povo volte a acreditar no socialismo ou em socialistas. O futuro seguramente não será feito com esta gente, que tem muita pressa para ir a lado nenhum. Ainda não entenderam que o destino das suas vidinhas não se confunde com o da pátria.

O que afirmou na TV uma das Barbeis de serviço, em tom de urgente emergência nacional, “que a não existência de líder no futuro parlamento, para assumir as responsabilidades do maior partido da oposição, poria em risco a governação” é suficientemente patético e revelador que o que se pretende é mais do mesmo.

O parecer ser, o faz de conta, estilo consagrado, vai continuar. Uma ilusão de normalidade constante é o melhor para que nada de substancial altere a ordem estabelecida. A realidade não é virtual, não está é revelada pela demonstração. Isto é como aquele famoso autarca socialista que arrebanha 80% de votos favoráveis, que se gaba de não saber ler plantas e exige a todos maquetas. É algo concreto, é a realidade visual e táctil necessária ao deferimento da obra pretendida. E já leva uns anos largos esta anedota sem denúncia pública.

São cada vez menos os socialistas da “máquina” mas as consequências são por sua vez maiores. Confirma-se a lei de Pareto, que afirma que 80% das consequências são fruto de 20% de causas. A tese que condena estes manhosos socialistas salva a democracia, são os meus votos. Mário Soares diz que é “bom uma cura de oposição”, seria, se neste tempo onde é necessário pensar o futuro, esta malta que capturou o partido tivesse o mínimo de respeito por eles próprios, e evitasse a indignidade de serem varridos do sistema democrático por inutilidade.

Está construída uma pseudo utilidade para o Partido Socialista. É uma construção jornalística e só existe por ainda se alimentar uma outra farsa, de que a rua é controlada por esta cambada que se diz socialista. Uma tremenda mentira, creio mesmo que esta se vai voltar em primeiro lugar para os próprios “mágicos” da desgraça, os que diziam que a culpa era daqueles que não os deixavam governar.

O povo não é assim tão lerdo das ideias como parece. A demonstração está feita, o voto no PSD de Ferreira Leite não existiu por ter visto com segurança que de alguém seco e relho nada de bom viria. Foi medo, agora é esperança e raiva, protesto. Podemos traçar um novo ciclo de reacção, a tradicional válvula de escape da nossa gente era a emigração, não acreditava na revolta por ser mais fácil esta solução, mas a emigração não dura para sempre, também aí as portas são já estreitas e assim temos as condições para uma tempestade perfeita, um acerto de contas com séculos de atraso.

Como a realidade concreta ainda leva tempo a chegar, permite não acorrer já aos incêndios, e de que serventia teria gritar ao lobo se ninguém o vê? São como as maquetas de um autarca de sucesso.

domingo, 5 de junho de 2011

Les jeux sont faits, rien ne va plus

Les jeux sont faits, rien ne va plus (os dados estão lançados, não se aceitam apostas)

São 18 30 de domingo 5 de Junho, dia de eleições legislativas no nosso país. As urnas dos votos vão fechar às 7 00 da tarde no continente porque ainda temos uma costela de legalistas deformados de tanto rigor formal. Esperamos mais uma hora em nome da não perturbação da votação nas ilhas, que mais do que é natural se estão nas tintas para essa pseudo influência, e para nós que não somos burros é lamentável que ninguém altere este estado de imbecilidade congénita dos pseudo democráticos legisladores de meia tigela.

Um amigo, temporariamente no Maputo, pede-me o meu prognóstico para as eleições de hoje. É um jogo que aceito com gosto, não é só ter a convicção de ser analista político, embora caseiro, há que correr os riscos do palpite para legitimar opiniões futuras. Assim, lá vai para a África antanha e profunda com saudades do amigo que em breve reveremos em aprazíveis tertúlias.

Com os risco da arte.

PSD 40% 100 deputados
PS 27 80 “
CDS 15 30 “
Be 5 10 “
PC/PEV 7 10 “

Na convicção de que há uma forte votação e de que a abstenção está entre os 30/35%.

São os meus desejos políticos e se não se encontrarem em paridade com o povo é este quem sabe. Não deixo de considerar que estamos perante um momento de viragem sociológica. Observei pela manhã os idosos do costume e no meio da tarde uma enchente de casais jovens. Vamos ver se o medo pende para o imobilismo ou para a mudança. Não será uma foto sócio-eleitoral clássica, estamos perante uma radiografia de alto contraste, direi em ampliando a minha leitura, que temos uma análise à saúde do sangue que nos vai nas veias.

São 19 00 horas, les jeux sont faits, rien ne va plus, a tal hora dos eternos provincianos.

Boa viagem de regresso.

sábado, 4 de junho de 2011

A maldição dos PINTOS

Ontem pela SIC N, Mário Crespo, ouvi o velho mestre José Gil dizer do ainda primeiro-ministro em defuntas funções, que segunda-feira próxima respiraríamos todos melhor e que o dito cujus tinha uma doença de que não sabia o nome, por não ser especialista na matéria, usa somente o saber que o estudo do comportamento dos homens permite a todos.

Nada poderei dizer de tão radical, estou de acordo com o que afirma, penso o mesmo com a devida vénia caro professor, e se me é permitido, gostaria de juntar a este “pinto” de Sousa uma ninhada que há muito vem tirando o sono a muito boa gente, que não gosta de ser tratada de estúpida nem de ser manipulada por artistas de meio gabarito.

Um dos “pintos”, desta feita Fernando, que a minha atenção não dispensa, por ser primária na forma, é aquele que está há séculos a prometer saldos de gestão positivos para a TAP e que encontra sempre um culpado para acumular mais prejuízos de ruína à pobre transportadora. Ou é o preço do petróleo ou a falta de um aeroporto que jeito tenha, porque este rebenta pelas costuras, ou são as greves que retiram valor de milhões ao dia etc. Um bom despacho também seria de rigor.

Um “pinto” com tendência a enguia está à frente de quem deve zelar para termos um Estado de direito, como que um zelador de primeira pela legalidade do dito, em vez de uma coisa que todos dizem que não funciona e que, quando resolve, é pior a emenda que o soneto. Seguramente só se alimenta de milho legítimo, mas dá a pior imagem dessa realidade. As trapalhadas em que se deixa envolver parecesse o grude com que os políticos gostam de ligar tudo e todos.

Um outro “pinto”, este na qualidade Marinho, com especiais responsabilidades representativas da arte do direito e da sua funcionalidade social. Mais se parece com um imaturo sem causas, imagem que assume, em quem se apoia a miúdo como de bengala, não por estilo mas por necessidades de equilíbrio. Só nesta dimensão nacional o seu trato público é questionável, não será um legítimo mestre, mais se enquadra num espalha brasas sem sentido. Fica-lhe mal argumentos de tasca nas críticas às decisões de justiça, por comparações genéricas de “comem todos” ou não há justiça da pura igualitária. Do comem todos pela mesma medida, bravura sem sentido.

Este é o último “pinto” da Costa, talvez o grande mestre de tão ilustre confraria. Com a mais longa permanência no super nível dos poleiros deste reino. Outros haveria, mas ele é especial e representativo pelo seu “saber fazer”, do que se deve evitar num Estado de direito, onde as contas devem ser públicas e transparentes a todos, pois só assim se pode ir ao mercado pedir dez milhões e ter ofertas de cem, como foi publicitado nestes dias. Está em férias, um líder assim dá gosto.

Cantam todos de galo a pátria nem tanto.

Sábado 4 de Junho de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

In Comissão do Mercado De Valores Mobiliários

Sumário Executivo

No presente relatório exploraram-se pela primeira vez, de forma sistematizada, dados individualizados relativos a variáveis associadas aos membros de alguns órgãos sociais determinantes no governo das várias sociedades. Tal análise permitiu apurar que existiam 446 cargos em órgãos de administração das sociedades cotadas que eram ocupados por 426 indivíduos diferentes. Estes administradores exerciam funções executivas e/ou não executivas, em média, em 8,2 empresas (cotadas e não cotadas), subindo este valor para 11,1 empresas entre os membros executivos dos órgãos de administração das sociedades analisadas.

Entre os 426 administradores, pouco menos de um em cada quatro desempenhava funções de administração em apenas uma empresa. Constatou-se, porém, que cerca de 20 administradores acumulavam funções em 30 ou mais empresas distintas, ocupando, em conjunto, mais de 1000 lugares de administração, entre eles os das sociedades cotadas. A acumulação de funções patente nestes números poderá ser um motivo de reflexão para os accionistas destas empresas.

Digo eu….

È uma pena… só há um (1) que acumula mais… de (60) cargos de administração. É só fazer as contas, em cada um dos 22 dias que o mês tem em media, trabalha como um louco em duas empresas. Seguramente que é uma de manhã e a outra de tarde. Pobre cavalheiro, e a Sra. da Alemanha a afirmar que se trabalha pouco. Uma ova.

Com meia dúzia deste calibre a crise já era….

Quem é o GAJO ?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O ARRASTÃO SOCIALISTA

O arrastão é uma modalidade de assalto colectivo praticada por um grupo numeroso, geralmente em ambiente urbano, que rouba as pessoas e os espaços por onde se desloca.

Ficaram célebres em todo o mundo os arrastões praticados nas praias brasileiras por dezenas de miúdos das favelas miseráveis do Rio de Janeiro, como a máxima expressão da miséria social e extrema necessidade em que viviam.

O arrastão de que fui vítima moral é muito recente, praticado por dirigentes socialistas a nível local. Tomou a mesma forma de arrastão ao engajarem tudo o que veio à rede como recentes socialistas, com direito a homenagem (a que a maioria nem respondeu à chamada) conjunta com os que ostentem mais de trinta anos de sólida permanência nas fileiras. Recusei a palhaçada e retirei-me da indigna encenação.

Com que engodo, desconheço. O propósito é bem claro, é estratégia do mais alto nível, desesperados pelo fim de um ciclo em que eles próprios passarão a vítimas por culpa própria. Esgotaram as fórmulas de enganar o povo, é um fracasso total.

O desespero é ridículo. Ficou conhecida a comitiva de idosos rurais frente ao hotel na noite das últimas eleições. O último grito de modernidade, relatam os jornais das frentes da campanha eleitoral, os socialistas “contrataram” imigrantes asiáticos que nem português falam.

Os que ostentam turbante de siks foram os que mais deram nas vistas em pleno Alentejo, todos munidos de bandeiras que agitavam com zelo a troco de uma refeição quente, dizem. Foram prontamente recambiados ao ponto de partida, após ter sido denunciada a caricatura de militantes. Os pobres devem ter voltado para a fome do seu quotidiano.

Vai durar muitos anos para que o povo volte a acreditar no socialismo ou em socialistas, o futuro não será feito com esta gente. A tese que condena o PS salva a democracia. Assim o espero.

sábado, 21 de maio de 2011

Ex-socialista está preso.

Conheci o Júlio Santos como Presidente da Câmara de Celorico de Basto quando este promovia com grande arraial em pleno Martim Moniz, no coração de Lisboa, os produtos regionais da sua terra, excelente Queijo da Serra com um aroma e sabor que se mantêm todos estes anos.

Foi-me apresentado por um seu conterrâneo que não se detinha em polir a façanha deste jovem advogado, que tinha ganho as eleições ao PSD no virar do século. Na realidade, o que me foi dado observar no dito camarada, é que este era senhor de uma desenvoltura muito pouco comum. Observação referenciada ao nosso amigo “se aquilo não era demais para um conselho de pouco mais de cinco mil almas, embora com invejáveis duzentos e cinquenta quilómetros de área”. Nem pensar.

Segui pelos jornais as voltas que o prodígio e seu conselho levaram, progresso e riqueza eram a marca do sucesso, quer com a marca PS quer com a sua própria marca foi sempre eleito, e ainda é vereador no presente mandato.

A polícia agarrou-o a comprar o jornal e dai à prisão foi um salto, o destino óbvio em resultado de vários processos com recursos transitados em julgado. (?) Passaram dez anos para esta estrela ter caído do céu.

A minha questão é a de saber: se continuasse socialista a justiça teria sido tão célere? Pelo que me é dado ver em outras praças deste território, a conclusão é óbvia.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Será da vida, como diria o outro?

Sempre considerei a Páscoa como uma coisa estranha e difícil de compreender, um verdadeiro mistério para a minha jovem cabecinha. Como se pode passar da dor, da tristeza e do recolhimento, para a festa de sexta a domingo? Como já sou um pouco mais crescidote e como o tempo ajuda a juntar os elementos dispersos, entendo sem esforço como esta construção de quente e frio tem uma carga simbólica. É assim desde os primórdios da humanidade e, como ela, é necessária aos ritos da vida, da celebração e da renovação.

Muito mais complicado de entender são os “ritmos” da nossa gente. Esta é seguramente muito mais complicada. Não vejo nada de racional ou de humano no agir natural, mesmo que bárbaro, muito mais compreensível na luta com um touro, uma quase bênção, onde se mede coragem e valentia, comparado com o ser conduzido em aberrantes manadas nas idas ao circo em que se transformou o nosso desporto de massas. È um espectáculo degradante e impossível de entender.

Há comportamentos pouco inteligíveis mas de conveniência objectiva, mesmo que pouco ou nada legítimas, mas o que dizer ou pensar de actos gratuitos a que só a loucura colectiva pode dar algum entendimento.

Quem está atento aos detalhes, e o diabo está nos detalhes como se diz, pode com facilidade ver pequenas coisas reveladoras de que algo está menos saudável neste povo. É nesta época do ano que se verifica a grande transumâncias moderna, que de racional pouco tem. É uma pequena guerra com mortos e feridos servidos à hora do jantar, com a banalidade da morte na face dos mensageiros de serviço. É duro viver este tempo de fraca e desnecessária demência.

Quem observar mais fino pode ver nas imagens da tragédia, que é servida como complemento de festa, uns cívicos de serviço de ar grave, como convêm ás autoridades que se prezam, que estas estão equipadas para montar com os seus botins da ordem, mas cavalos por perto não há, só os dos inferiores carritos devidamente emblematizados para prestígio da arma a que pertencem. Não será uma forma de loucura esta farsa menor, sintomática de doença mais profunda? Onde se julgam? Na cavalaria? Só por tradição e comodismo se pode ainda dizer tal nome. Cavalaria é de cavalos. Nem deve ser muito prático carregar nos aceleradores dos carritos com aquelas botas de cano alto.

sábado, 9 de abril de 2011

MMC

Em conversa com um amigo recente de Manuel Maria Carrilho, (MMC) veio à baila este actor político pelas opiniões de hoje no Público, sobre o Primeiro-ministro Sócrates, onde o acusa de “trair o interesse nacional”.

De argumento em argumento, com uns prós e contras em mãos, sem conclusões que o levassem ao tapete das evidências, como é de regra também nestes debates, resolveu o meu amigo fazer um desafio. Escreva o que pensa de MMC e depois falaremos.

Tentando alinhar ideias, mas longe de o (MMC) imaginar como meu paciente em divã de psico. Nem é esse o nosso objectivo, meu e do amigo comum, somente tendo em conta a coerência da acção política que o move neste processo de profundas mudanças, e que vão varrer de alto a baixo este pântano que fede e onde é perigoso baixar a guarda.

Centrados no tema que nos interessa “quais são os objectivos políticos de MMC” por hipótese especulativa temos que encontrar pelo menos um, de outro modo a análise não pode ir mais longe. Pois desse modo só teríamos um analista político com ódios de estimação ou contas a acertar e ponto final.

Se a coerência existe esta leva-me a considerar que qualquer acção humana, livre e não constrangida, obedece a um princípio básico da vontade e do interesse, logo, temos que, observado o conjunto, este deve revelar os fins que a determinam. Reduzindo o todo ininteligível, como recomenda Descartes a elementos compreensíveis, reagrupando estes num todo coerente só podemos concluir que este político tudo tem feito para ser candidato a presidente da república.

Consolida a sua vida profissional e académica no topo da carreira, adere ao partido socialista com mais de trinta anos, com este na oposição, com suficiente lastro temporal para estar solidamente posicionado o momento chegado. Creio sem muito especular que as suas amizades socialistas parisienses estão de alguma forma ligadas à sua ascensão meteórica a ministro.

Como não é popular nem se vislumbra na sua acção política/mediática a mais leve ligação a uma causa caritativa ou mesmo cívica, estabeleceu-a na linha dos afectos com as massas, com uma eficácia assinalável ao constituir família com uma simpática e agradável personagem mediática que reside nos nossos ecrãs televisivos.

Candidato à mais importante câmara do país é derrotado por uma figura parda e de segunda linha do PSD, cujo nome poucos retêm, derrota tão mais emblemática pois ficou associada a um mau perder pouco digno. Sequelas que perduram nos tribunais onde é demandado em meio milhão de euros por Cunha Vaz a quem acusou de vários mimos. É bom ter presente que, mesmo em bate boca eleitoral, as ofensas à honra são severamente fustigadas pelos nossos Juízes.


Temível não só pelas ligações às elites mundanas, as que se espraiam na chique cidade difusora das modas globais, com a superioridade dos legítimos detentores da herança dos pensadores das luzes, mas também por ser comum a este “beau monde” de diplomatas e altos funcionários comunitários, que podem fazer e desfazer qualquer um. Político avisado não hostiliza este tipo de personagem, em regra de uma eficiência notável a criar factos políticos no vazio.

MMC é também um ser político partidário corajoso, não desperdiçando submeter a rupturas as suas ligações neste movediço terreno quando se esgota o objectivo útil da sua conveniência, sem ser oportunista é muito oportuno nos momentos de clivagem,
aí não é raro ver o seu oponente desviar o corpo da luta criando anteparas com as figuras que se prestam a tais funções. Os seus talentos estão desencontrados com aqueles que são os donos do voto, é como aquelas máquinas muito imponentes mas que não servem para levar a família à praia, mas a sintonia é possível, reduzindo uns e elevando os outros, todos ganham.

Este político de sessenta anos tem pela frente mais cinco anos para gerir os seus múltiplos tempos de antena, criando a imagem que melhor servir os seus desígnios. Porque se mantém MMC como militante do partido socialista? É de elementar juízo verificar que a maioria do eleitorado nacional é, por diversas razões, maioritariamente de esquerda, não sendo previsível a curto prazo que um desconhecido possa emergir vindo do nada para candidato fiável à presidência da república.

Não sendo homem de “tropas”, mesmo sem gravata aparenta estar a quilómetros dos estratos sociais que o poderão levar a qualquer liderança partidária em democracia, outra história bem diferente é uma candidatura a presidente da república. Já tem um modelo de “Mariana” em casa que substituirá, com enorme vantagem, as históricas primeiras damas, é meio caminho andado nestas jornadas, impossíveis sem se ter uma parceria activa comunicadora e muito empenhada a seu lado.

Catedrático com agregação como gosta de sublinhar, ostenta a Légiom d`Honneur e
variadas outra insígnias das mais diversas latitudes, que não deixarão de figurar num brilhante passado de honrarias e reconhecimento devidos a um estadista, a sublinhar uma personalidade polémica frontal q.b. para fazer um verdadeiro brilharete que nos fará esquecer a última e de triste memória campanha eleitoral para a presidência.

Comece quanto mais depressa melhor a preparar os meios e os aliados, não poderá passar sem uma boa dúzia de fiéis em quem terá de confiar. Os níveis de necessidade estão muito altos. O mais são detalhes, como todos sabemos.

É esta a melhor prosa que foi possível amanhar, mas sem pretensões, é especialmente para o meu caro amigo guardar com a data de Abril de 2011, após o pedido de ajuda ao FMI ou FEEF como alguém com a graça do costume nos quer impor.

sábado, 26 de março de 2011

A III carta aberta, e última, a José Sócrates, secretário-geral do Partido Socialista.

A primeira data de 2008. Era o estilo, a forma e a substância das políticas autoritárias de um regime sem sentido. Na segunda, Fevereiro de 2010, aí afirmava que a festa tinha acabado, pois concluía que não sabias fabricar dinheiro e sem ele ninguém dança. Fazia votos para que não saísses de cena fugido à justiça, mas tão só por determinação da tua consciência, como não aconteceu aos infelizes camaradas italianos de triste memória. Esta vai no sentido de alertar para evitar que não cometas suicídio político, singular e colectivo.

Não sabes ou não entendes. Vou tentar desta vez com palavras mais simples ser o mais claro possível. Na tua infância observaste que havia rapazinhos a quem a vida sorria sempre sem razão aparente, eram aqueles que partiam a velha loiça sem valor, recordação da avozinha, mãe e pai corriam em socorro tranquilizando “não faz mal, estava tão velhinha que mais tarde ou cedo tinha que acontecer”, ao contrário de outros que rapidamente encaixavam uns bons tabefes. Seguramente és dos primeiros e nunca dos segundos até aos dias de hoje.

Desta vez a história é bem diferente. A minha bola de cristal está muito límpida, como aqueles dias de primavera que se aproximam, brilhantes como diamantes perfeitos. Ganhaste as eleições internas com um desprezo olímpico pelo partido e pelos camaradas que ousaram concorrer contra ti, tão pouco por aqueles que não sabem porque em ti votam. Foi uma verdadeira inexistência a teus olhos a democracia interna do teu partido. Há quem goste ser o que não sabe o que é.

Vejo muito nítido o animal feroz que há na tua alma de político de província, já não sabes viver sem bajuladores e serviçais, são os pés descalços da vida que te encantam e alumiam a via-sacra do abismo, és um quase deus para essa corja de sem futuro. O país não é uma realidade menor, tens o hábito da impunidade, é esta que te dá a segurança dos déspotas em fim de vida.

É bom que saibas, mesmo que ganhes este lance, que foi o último, e o fim será na justa medida do logro em que colocaste o país. Será para ti o fim e, como os Távoras, clamarás inocência tão alto como o teu desespero, sem remédio possível o teu destino político será breve.

domingo, 13 de março de 2011

Renovar o Partido Socialista

Vai haver em breve um novo congresso do Partido Socialista e eleições directas
para Secretario Geral, que serão as últimas oportunidades dos socialistas
portugueses defenderem o partido e o socialismo, não apoiando o actual
Secretario Geral e Primeiro Ministro. Porque apoiar José Sócrates nas actuais
circunstâncias, é o mesmo que condenar o Partido Socialista ao imobilismo e ao
opróbrio, sem capacidade para fugir à condenação dos eleitores pelas políticas
erradas que têm sido conduzidas pelo Governo e que estão a empobrecer a
maioria dos portugueses.
Ao contrário, a solução da actual crise da economia e das finanças do País, passa
por revitalizar o PS através de uma nova liderança que fale verdade aos
portugueses, que seja respeitada nos planos nacional e internacional e inicie um
profundo debate interno, que faça surgir no panorama do partido novas ideias e
novos protagonistas.
A continuação de José Sócrates como Secretario Geral, terá como único
resultado termos em breve novas eleições para a Assembleia da República, mas
sem a probabilidade de as poder ganhar, o que conduzirá o PSD ao poder. Ou
até sem a possibilidade de poder negociar qualquer acordo pós eleitoral, dado o
descrédito do Primeiro Ministro e a sua conhecida incapacidade para a
negociação. Com o ónus de ficarmos responsáveis por todas as politicas erradas
que conduziram a que os portugueses estejam a sofrer as maiores dificuldades
das suas vidas.
Passaram cinco anos de José Sócrates como Primeiro Ministro e todos temos a
obrigação de reconhecer o resultado: um país mais empobrecido e endividado
para pagar os desvarios do poder e a manutenção das várias oligarquias que
vivem do poder politico em Portugal. Para já não falar da corrupção e da venda e
compra de favores políticos. O resultado são as famílias portuguesas em grande
dificuldade, milhares de empresas a fechar as portas, o desemprego a crescer
para níveis nunca vistos e os jovens, os nossos filhos e netos, sem qualquer
perspectiva de futuro.
Por tudo isto votar nas próximas eleições internas do PS nas candidaturas que se
opõem ao actual Secretario Geral é um serviço prestado ao PS e a Portugal, mas é
também a libertação do pior período da história do Partido Socialista. Com o
objectivo de honrar as figuras dos socialistas Mário Soares e Jorge Sampaio e de
dar início a uma nova fase de democracia interna do partido, de debate sobre as
melhores soluções para Portugal e de escolha democrática dos nossos futuros
dirigentes e governantes.
13‐03‐2011
Henrique Neto

sábado, 5 de março de 2011

A Geração à Rasca

Texto de Henrique Neto

Nas últimas semanas tem-se falado muito da juventude portuguesa que está à rasca e da dificuldade dos jovens encontrarem em Portugal um emprego e, se possível, uma carreira. No programa Prós e Contras desta semana, o assunto foi debatido até à exaustão, mas, infelizmente, com mais retórica do que verdade. Principalmente porque a questão do desemprego não teria de ser assim e o debate foi a esse respeito cheio de justificações e de lirismo, mas pobre de ideias e de soluções.
Vejamos o que não foi dito e que há vinte anos já sabemos: (1) que o modelo económico português é obsoleto e está errado para o nosso tempo; (2) que as centenas de cursos superiores existentes de lápis e papel formam homens e mulheres para o desemprego; (3) que o insucesso escolar próximo dos quarenta por cento e sem qualquer aprendizagem séria de uma profissão, limita a qualidade da generalidade dos postos de trabalho e a produtividade das empresas; (4) que as empresas que fazem meros investimentos financeiros no estrangeiro consomem os recursos para investir em Portugal; (5) que as despesas excessivas do Estado e o crescimento dos impostos para as pagar, secam o dinheiro necessário para as pequenas e médias empresas investirem e exportarem; (6) que o facilitismo e a falta de exigência do ensino, reduz de forma significativa a qualidade dos licenciados e, principalmente, a sua cultura cientifica, factores absolutamente indispensáveis numa economia produtiva moderna; (7) que a ausência de ideias, de estratégia e de disciplina dos governos, conduziu a investimentos de baixa ou nula rentabilidade e ao endividamento do Estado, das famílias e das empresas; (8) que os chamados custos de contexto, como a energia, telecomunicações, burocracia, justiça, expulsam os investimentos nacionais e estrangeiros; (9) que a ausência de políticas sectoriais e a ausência de negociação competente em Bruxelas deixou morrer a agricultura, as pescas, a metalomecânica pesada e o sector ferroviário, ao mesmo tempo que protegeu as grandes empresas e grupos económicos abrigados no mercado interno; (10) que os governos abriram as portas à imigração, para manter baixos os salários e dar vazão ao despesismo do Estado em obras públicas e para garantir os lucros das empresas do regime.
Poderia acrescentar muitas mais razões para a estagnação da economia portuguesa e para a fuga de Portugal, em direcção a outras paragens, de empresas nacionais e internacionais. A economia portuguesa retrocedeu relativamente aos outros países europeus durante toda a década e não foi a crise internacional que nos conduziu até aqui, como se pretende fazer crer, mas foram os erros dos governos e a sua incapacidade atávica de compreender os reais problemas da economia portuguesa e os constrangimentos e as oportunidades da economia mundial.
Ao longo dos anos tenho proposto soluções que são praticamente o inverso do que tem sido feito. No topo das prioridades está o ensino, começando com o pré escolar, para garantir a igualdade de acesso e maior exigência em todos os níveis, com mais trabalho, qualidade e duplicar o número de licenciados das áreas das ciências, nomeadamente das engenharias. Na economia, terminar com o favoritismo às empresas dos sectores de bens não transaccionáveis, aumentando a concorrência e reduzindo os custos operacionais dos sectores produtivos, em particular da exportação. Reduzir drasticamente as despesas do Estado, parar a obsessão com as obras públicas, adiar os grandes projectos, renegociar as parcerias público privadas e começar a reduzir a dívida pública. Adoptar a estratégia euro atlântica, dinamizar o transporte ferroviário e marítimo de mercadorias e reformular o porto de Sines para receber os grandes navios porta contentores e atrair o investimento estrangeiro. Poupar energia, através do transporte colectivo e tornar mais caro o uso individual do automóvel. Dinamizar a agricultura e as pescas, com o objectivo de reduzir a nossa dependência alimentar e usar critérios de qualidade para reduzir as importações.
Os erros do passado não vão desaparecer por milagre e os jovens, como aliás todos nós, vão pagar caro por esses erros e durante muito tempo. Por isso é o momento de acabar com as injustiças relativas provocadas pela corrupção, pelo enriquecimento ilícito e pelas mordomias criadas através do favorecimento político das áreas do poder. É a condição necessária para juntar todos os portugueses ao redor do desígnio de dar seriedade à actividade politica, dividindo os sacrifícios por quem melhor os pode pagar e juntar todas as energias nacionais para revigorar a economia produtiva e exportadora. As novas gerações merecem isso.

quarta-feira, 2 de março de 2011

1789, 1808, todas as revoluções são pós-revolucionárias

Um ilustre político lusitano acaba de proclamar na televisão que, desde 1383 até 1974, não houve em Portugal nenhum movimento popular, com pessoas, não dependente daquilo que diz serem instituições. Aconselho-o a ler o mínimo sobre a Restauração de 1808 e depois a dar um salto até à Maria da Fonte e à Patuleia. Pode começar pelos relatórios de José Acúrsio das Neves...

Convinha que alguns dos nossos educadores do proletariado televisivo estivessem à altura desses inventores da guerrilha que, peninsularmente, foram o princípio do fim do usurpador, onde desde os maçons do Conselho Conservador a toda a rede eclesiástica se uniram pela pátria. Como, contra o cabralismo, se federaram miguelistas e setembristas numa verdadeira identificação nacional que alguma classe política traiu na Convenção do Gramido.

Por mim, orgulho-me destes movimentos populares que nos deram pátria no Portugal Contemporâneo. Se alguns dos membros da actual política não repararam nisso, tenham a humildade de o aprender. Mas não digam asneiras, nem deseduquem a verdade da nossa resistência! Revolto-me!

De facto, há muita gente a julgar que Olhão da Restauração tem a ver com 1640. Não! Tem a ver com aquilo que devia ser comemorado em todo o lado como a nossa Restauração de 1808. Nem Goya os faz associar isso a idêntico movimento que deu origem às Espanhas contemporâneas e à consequente aliança peninsular que se estabeleceu contra um inimigo comum, onde os doceanistas são os nossos vintistas e onde os "mártires da pátria" não são mera fantasia. Se eu fosse influente obrigava esse político a ir até ao jardim do Campo Santana e a ler, um a um, o nome dos que aí foram assassinados em 1817. Para que repetisse um a um tais pessoas na televisão e nos pedisse desculpa a todos.

A nossa falta de cultura de resistência só pode entender que o nosso 1789 foi 1808 contra os usurpadores de 1789. Foi dessa liberdade que nasceram os doceanistas, os da Revolta de Cádis, e os vintistas, os de 24 de Agosto de 1820. Com o Sinédrio pelo meio, vingando a morte dos mártires da pátria e de Gomes Freire, em 1817. A Primeira República ainda aviva a verdade. A viradeira salazarista ocultou-a e certa ala do 28 de Maio que permaneceu no 5 de Abril preferiu ler Lenine.

Não o quero insultar, nem o identifico aqui. Porque sei que ele tem boas intenções mas talvez falta de informação. Mas indigno-me, porque é assim que nos desnacionalizam. E eu nunca admitirei que o façam com o meu silêncio. Porque, desta forma abrimos as portas aos patriotorrecas...

1789 era uma revolução à inglesa, com rei e parlamento, antes do Terror e de Napoleão. Prefiro conjugar a libertação de forma pós-revolucionária, vintista, cartista, cincoutubrista e vintecincabrilista. Porque as revoluções são sempre pós-revolucionárias: medem-se pela estabilidade democrática que nos proporcionaram em liberdade, pluralismo, tolerância, pouca ignorância e nada de tirania.

Texto de José Adelino Maltez

terça-feira, 1 de março de 2011

…se isto não é uma garotada o que é?

É um estranho sentimento, cada vez mais frequente, penso que os nossos políticos estão brincando como crianças, já não medem as consequências dos seus actos e seus efeitos na opinião pública, estão no perfeito estado da irresponsabilidade.

Não consigo aferir se sou eu que estou ficando muito maduro e lúcido se são eles que estão a ficar infantilizados por se terem habituado à inimputabilidade das suas condutas, possivelmente conscientes de que o país se tornou o seu jardim-de-infância, e que é um direito seu comportarem-se como tal.

Uma das bizarrias que afere este juízo é dada pela notícia dos jornais de hoje. Um senhor deputado que é nacionalmente conhecido por ter metido no seu bolso uns gravadores de um jornalista em pleno Parlamento, exercendo as funções de vice-presidente da bancada do Partido Socialista, informa o país que até estaria de acordo em votar uma alteração do prazo para a tomada de posse de novo governo, de 80 dias para 50, mas como a oposição não votou o fim do número de eleitor proposto pelo PS, não estava para aí voltado. Se é uma deliberação do grupo o assunto é muito grave, se é fruto de mais uma alienação pessoal é caricata.

Amor com amor se paga, parece dizer, mas se isto não é uma garotada o que é?

Estou possivelmente velho de mais para ver este espectáculo ridículo da política à portuguesa. Outro rumo rapidamente ou podemos ficar todos ensandecidos.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Expresso não se dobra, o destino é que se adapta.

Dobrei-o para lhe dar o destino dos jornais já lidos. Na leitura do caderno principal do Expresso 2000, uma tarefa realizada com curiosidade pelas novas formas anunciadas, observa-se um refrescamento agradável, temos mais imagens que ilustram os temas, um assunto por página quando é exigível, publicidade à direita, e com as caras do costume.

Uma nova consciência jornalística? É cedo para foguetes, o Ricardo Costa não vai seguramente por aí, foi quase empurrado para as águas do Wikileaks, esclarece no editorial que “cumprirá as regras dos outros jornais”. E que se obriga a discutir os temas com as autoridades, quando necessário, afirma diligente e avisando como convêm.

Esta nova vida do Expresso nasce no momento cabalístico, virar o 2000 e vida nova, esta modernidade supersticiosa de gente modernaça arrepia como o ranger de portas em filme de terror, quem não quer não coma. O expresso passa e o seu estilo é norma para o resto do mundo jornalístico nacional, o mais que podem fazer é por os olhos no Rei.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Carta aberta sobre os meus velhos camaradas de partido.

Nestes últimos dias pelas páginas dos jornais dois deles trocaram desta forma as suas divergentes atitudes para com o estado a que isto chegou, ou seja, cada qual agarrou o tema pela vertente que melhor lhe poderia servir.

Natural que assim seja, de um lado o presidente do partido Almeida Santos homem de fino trato e de elevado gabarito intelectual, político ao melhor estilo de Richelieu, jurista de fino estilo e orador de irrepreensível prosa, insubmergível nas vicissitudes desta vida muito complicada de negócios, mentiras e traições que a altas esferas praticam com elevada frequência e sem nojo das consequências em que são mestres no aliviar de culpas.

Henrique Neto do outro lado da barricada, pois o tema virou em quase estado de guerra, um militante socialista fora do aparelho partidário, proprietário a justo título da mais relevante posição de anti-sistema, homem de fábrica, conhecedor de todos os degraus desta vida difícil para quem nasce pobre, duro no trato, sem rodriguinhos na forma, objectivo como aqueles que não tem tempo a perder, as formas só magoam quem ai se detiver, são detalhes com pouca valia na substância, tem por fundo a dor do engano, a mágoa do logro, palavra de rei, de honra, como político fora do seu tempo, onde as conveniências são regra.

Gosto especialmente de ambos, mais por sempre admirar e ignorar os que os faz agir e porque teimam nos seus papéis. São as mais das vezes homens úteis, seguramente conscientes da legitimidade dos seus actos e seguros da sua imprescindível valia nesta vida política que animam e de que se alimentam, sabem, estou disso convicto, que são usados, dando conforto aos pólos opostos desta louca barganha, viciada e triste.

Dos velhos camaradas que já partiram recordo o exemplo, para mim maior, do Tito de Morais, militámos os dois numa humilde secção de bairro desta nossa capital, e como era reconfortante para a minha irrequieta juventude a sua ternura num deserto de anuências.

Um momento de camaradagem, que nunca esquecerei, prenhe de algo indescritível, quando o dirigiam à mesa de voto, numas vulgares eleições internas, instalada num Hotel perto da avenida de Roma, numa maca, pois a sua longa existência física a isso o obrigava, me estendeu a sua mão amiga e comida da fraqueza dos anos, me segredou “Ramalho quem são os nossos?”, não recordo o que lhe disse, hoje sei que ele será eternamente dos meus.

Espero continuar a considera-los como também dos meus.

Lisboa, Fevereiro de 2011

Armando Ramalho